Quisera eu, emissário, explicar
Quão imensa é a poesia
Transcorrer-me-ia ao tentar
Tempo humano nunca haveria
Afinal, a carne, que é
Frente a tal hercúlea energia?
Gota soluta na maré;
Uma efêmera afrodisia.
Porém desejo protestar
Ante à língua provocante
Empenhada a manifestar,
- Por vocábulo inebriante -
O que há de perpétuo na musa
Em polissílaba reclusa
Ao haurido verso inerrante:
Não faz, doce palavra, jus
À sua significação,
Embora ante vós me transpus
A fim de, ressonante, então
Vir a ser com vossa substância
A compreensão de tamanha
Reivindicação de vacância
Pelas letras que vos são entranha.
Nascem sonetos e baladas
Obrigados a alas abrir
Às vossas vozes alastradas
Pois tua é a foz a unir
Poesia às malfadadas
Sinas deste inverso existir.