Tem hora,
De virar casulo,
Um sentimento nulo,
Um esquecimento de si,
Sorriso que não sorri,
Num espaço
Que não calculo,
Tempo de murici,
Tem hora,
De virar crisálida
Hibernação de flor
Uma rosa pálida
Embaçada pelo dissabor
Em meio a um inverno
Sem cor
Qualquer coisa é válida
Se encolher lá no fundo
Nessa caverna sólida
Para se esconder do mundo
Para se proteger de um amor
Ou de uma tristeza
Ou de uma beleza
Ou do que for
Uma trincheira cálida
Numa ventania gélida
Com os pés debaixo de um cobertor
Sua mente atribulada e grávida
Uma cocção de dúvidas
Vontades tão vividas
Experiências úmidas
Das gotas que derramou
Pingos num imenso vazio
São todas as dívidas
Do que nunca conseguiu
De tudo aquilo que desejou...