Inocente, no balé contemporâneo
A boneca viva, sobe ao palco e dança
Meu suspiro, em um instinto insano,
Com a ética ali, não contrabalança.
Leveza e membros em concentração
Movimenta o corpo em linha vertical
Se insinua num abrir e fechar de mão
Os prazeres em sua forma corporal
A canção lenta lhe coordena a simetria
Num ritmo de adotada disciplina
Me agito tenso, na cadeira em harmonia
No vai e vem da cintura da menina
Toda desejo, sobre a sua sapatilha
Jeito de moça, tesa, na ponta do pé
Cabelo preso na rede e na presilha
E os movimentos sinuosos do balé
O meu olhar me denuncia no instante
À medida em que no palco ela dança
O corpo pueril desenhado no collant
Dá nitidez de ser apenas uma criança
A rubra luz, do ambiente emocional
Acende em mim, fulgor e excitação
O violeta aguça o tom erótico, real
A cor laranja, humor, calor e vibração
O Verde acalma, sorte e fertilidade
Tom amarelo, da cobiça e esperança
Marrom excita, livre e simplicidade
Branco lembra, ela é quase uma criança.
Até que o pano desce ante a multidão
Gritos, aplausos do povo todo em pé
Luzes acesas, é o final da encenação
E eu jogo beijos pra menina do balé