Elfrans Silva

A MENINA DO BALÉ

Inocente, no balé contemporâneo
A boneca viva, sobe ao palco e dança
Meu suspiro, em um instinto insano,
Com a ética ali, não contrabalança.

Leveza e membros em concentração
Movimenta o corpo em linha vertical
Se insinua num abrir e fechar de mão
Os prazeres em sua forma corporal

A canção lenta lhe coordena a simetria
Num ritmo de adotada disciplina
Me agito tenso, na cadeira em harmonia
No vai e vem da cintura da menina

Toda desejo, sobre a sua sapatilha
Jeito de moça, tesa, na ponta do pé
Cabelo preso na rede e na presilha
E os movimentos sinuosos do balé

O meu olhar me denuncia no instante
À medida em que no palco ela dança
O corpo pueril desenhado no collant
Dá nitidez de ser apenas uma criança

A rubra luz, do ambiente emocional
Acende em mim, fulgor e excitação
O violeta aguça o tom erótico, real
A cor laranja, humor, calor e vibração

O Verde acalma, sorte e fertilidade
Tom amarelo, da cobiça e esperança
Marrom excita, livre e simplicidade
Branco lembra, ela é quase uma criança.

Até que o pano desce ante a multidão
Gritos, aplausos do povo todo em pé
Luzes acesas, é o final da encenação
E eu jogo beijos pra menina do balé