Claudio Reis

A CIGANA LEU O DESTINO

Trazia consigo uma exasperada solidão

Um olhar perdido só cabia pranto e paixão

Rezas e simpatias espantam as tristezas

Cartas abertas sobre o lenço da velha cigana.

 

Vou revelar-te o destino, trazer-te a sorte!

As cartas não mentem, por si sós elas falam

Creia com toda sua fé, em três montes corte!

Embaralhado, qualquer segredo será mostrado.

 

Grande é o vazio em teu coração na casa do medo

A dama de espadas apareceu a sua esquerda

Sinta o perfume do incenso, acalme sua voz

Mudarei teu destino agora, lhe trarei boa sorte.

 

Sobre o baralho colocou sua mão a velha cigana

Grande é o vazio em teu coração na casa do medo

Olha bem o que veio?! O valete de ouros à sua direita

Ansioso te espera um grande amor, fica em segredo.

 

Fechou-lhe as cartas do baralho a velha cigana

Dobrou seu lenço e entoou seu mentor em voz alta

As cartas não mentem, por si sós elas falam

Seu destino mudou, tirei-lhe o medo, agora tens sorte.