Eliabe Lira

Meu amor por um anjo

Versos sem sentido tem me composto 

Letras incoerentes e palavras abstratas

E você não pode vir comigo, descobrir o universo.

 

Ando sozinho pela catedral, observo os anjos pintados

No teto e vidraças, ao redor do altar

Me pergunto como devem se sentir

E onde está você? Está bem?.

 

Minhas horas são gastas rapidamente

Lembranças que ainda povoam minha mente

De como você gostava de sentar perto desse castiçal

Ou de como você me contava sobre o sagrado.

 

Ainda lembro do seu rosto angelical 

Sempre te dizia para subir no lugar dos anjos 

E você sempre foi assim, uma pessoa boa demais 

Não te merecia mesmo e você se foi, abriu suas asas.

 

O que me resta de você? Uma foto que guardo na carteira

Daquela vez que precisou para um documento

Mas ainda tem a igreja e todos os anjos 

Que me parecem bem menos divinos que você.

 

A pregação do Padre me parece superficial demais 

Não tenho mais você para interpretar cada termo

A liturgia não tem mais aquele brilho rústico

Aquele brilho que você colocava em todas as coisas.

 

3 de dezembro marca a data da sua partida 

Desde então estou perdido, procurando em todas as igrejas

Algum anjo de mármore, vidro ou gesso que me tome

E me tire você da cabeça, me faça parar de chorar.

 

Espero te ver novamente algum dia 

Em qualquer igreja ou esquina 

Mesmo que de longe e sem contato

Só preciso ver novamente toda essa projeção divina.