A chuva cai lá fora
Olho da janela!
O sol ardente lá fora
Olho da janela!
Carros passam...
Ele quer me pegar
Penso na janela!
A doença tá se alastrando
Bate-me a indignação
Olho pra janela!
Nunca pensei tanto na janela
Agora me esperem
Vou bater uma panela
Sem esperar nenhuma novela!
O inimigo é nvisível
A janela também era
E agora passou a ser meu olhar pra rua
Aquela estreita janela
Depois de quarenta dias em casa
Ela parecia o Oráculo de Delfos
Onde a convesa com os deuses
Em cotidianas reflexões matutinas
Virou terapia, segredo e poesia.
Abel Ribeiro