Meu lado poético não é plágio, nem binômio,
nem sinônimo, nem soslaio,
não me afoga, nem vicia,
nem é tubo de ensaio.
É um endereço permissivo,
onde a querença tem sua vez,
facilita o apetite bem ativo,
de deliciar sem enrubescer, nem timidez.
Meu lado poético tem uma textura,
que tem cheiro bom e gosto esmerado,
que dá uma fome danada de querer,
deixando um tanto até exagerado,
como se não quisesse sequer arrefecer.
Faz jogar pra longe o desalento,
procurando esconder o xis da vaidade,
degustando com labor e contentamento,
a sadia rima de amor com humanidade.
Meu lado poético faz de mim um ser solícito,
que deixa a verve em polvorosa,
pois junta um punhado de letras e sentimentos,
numa expressiva vontade rigorosa,
que injeta pujança nos mais simples pensamentos.
Conjuga viscosas vontades e rimas,
numa inspiração solene para expor palavras,
sedimentando no mais íntimo clima
toda uma sensação de amanha, de lavra.
Meu lado poético me expõe liberto,
sem inibir com o tal nexo causal,
tirando todo o azedume do paliar,
talando o sucumbir tão animal,
asseverando um propositivo fascinar.
E construindo letra a letra,
sinal, risco, capricho e sorriso,
finalizando com uma grande treta:
- Meu lado poético me faz navegar: É preciso!