Por onde andas, passarinho?
Perdeste o ninho e voas sem destino
Sem saber o teu lugar
Não tens onde pousar?
Vem que te dou meu colo…
Meu abraço… meu aconchego
Não tenhas medo
Não vou arrancar-te os segredos
Os meus, já tos tenho revelado
Não os tenho calado
Matando a timidez
Escancarando meus anseios e fantasias
Abri a guarda dos meus desejos
Abracei a vontade de me despir de pudor
Mostrei, às claras, o que me causa furor
Abri meu livro de memórias
E li, em voz alta, minha história
Só não sei o que fazer agora
Pois minha alma, quase liberta
Das amarras de um passado de repressão
Percebe do corpo o apelo (sem ouvir a razão)
Que paixão implora…
Mas não sabe o que fazer
Quando pensa no tempo que corre
Sem dar-me tempo de ter prazer
Então, mais uma vez, esquecer…