Edla Marinho

Libertação

Por onde andas, passarinho? 

Perdeste o ninho e voas sem destino

Sem saber o teu lugar

Não tens onde pousar? 

Vem que te dou meu colo… 

Meu abraço… meu aconchego 

Não tenhas medo

Não vou arrancar-te os segredos 

Os meus, já tos tenho revelado 

Não os tenho calado 

Matando a timidez

Escancarando meus anseios e fantasias 

Abri a guarda dos meus desejos

Abracei a vontade de me despir de pudor 

Mostrei, às claras, o que me causa furor 

Abri meu livro de memórias 

E li, em voz alta, minha história 

Só não sei o que fazer agora 

Pois minha alma, quase liberta

Das amarras de um passado de repressão 

Percebe do corpo o apelo (sem ouvir a razão) 

Que paixão implora… 

Mas não sabe o que fazer 

Quando pensa no tempo que corre 

Sem dar-me tempo de ter prazer

Então, mais uma vez, esquecer…