Marçal de Oliveira Huoya

Voa

 

Era uma vez
Muito antigamente
Quando os aniversários
Marcavam calendários
Antecipadamente
E quando o tempo voava pra frente
Lento e lentamente
Mesmo sendo empurrado
Por um menino apressado
E impaciente
Não imaginava que o tempo passava
Em incontáveis formulários
Muito mais que aniversários
Contando os dias em saldos diários
E em extratos de conta corrente
Era uma vez, ainda esse mês
Quando os aniversários
Já lhes são desnecessários
Um tempo em que o tempo
Nunca se atrasa, e é pirracento
Onde os anos já nao são mais inocentes
Grilhões em vagas cativas
Ponteiros urgentes, irreversivelmente
Batimentos monótonos
Em contagem regressiva...