Edla Marinho

Menino triste

 

Ô menino triste!
que chora sem lágrimas...
Pois se te secaram as fontes
Por tanto que já derramaste
Desse peito a alma pura
Tão clara, lavada...
Quanta tristeza, oh criatura!

Ô menino triste!
Esse teu olhar vazio
Que pro horizonte olha
Devia te dar esperança
De ver, quem sabe, um dia
Beleza ao menos num gesto
Mão que alguém estenderia!

Ô menino triste!
Com olhar perdido vens
Sem pedir, nem mais esperas
Que te vejam um dia...
Abraço de amor fraternal
Dou-te num sorriso
Pois somos iguais, afinal!

Ô menino triste!
Ninguém vê a beleza escondida
Dentro dos olhos tristes...
Que de tristes já nem choram
Mudos, sofrem a secura...
Nem chuva ou rios em ti correm
Em teu olhar, só amargura!

Ô menino triste!
Aprende a sorrir, te peço!
Cobre-te com a esperança
Rasga teu peito...escancara
A alegria gerada, ao sonhar
Pra que vejam toda a beleza
Que existe no teu olhar!

Ô menino triste!
Ignorado pelo mundo racional
Nem se lembra que teu, é o futuro...
Teu braço, hoje franzino
Pode ser a salvação da raça
Que nada tem, nada é
Mas hoje tira-te a graça!

20/03/2011