Triste estou por estar inda vivendo,
Triste inda mais de ter-me por vivido...
Triste por relembrar que tenho tido
Lembranças, tão amáveis, que
perdendo
No irrecuperável tempo, em que morrendo,
Me encontro a cada dia que sou ido.
Tristeza que simula sem sentido,
Mas a minh’ alma a tem como sofrendo.
E não encontro apoio algum sequer,
Solitário em desdita enfadonho
O tempo que me resta é mais medonho.
Um espectro macabro bem me quer,
Nele me apego em nobre prontidão,
Pois não me resta escolha, por opção.
Tangará, 16/12/2020