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Jose Fernando Pinto

Arlequim

Talvez o riso seja o meu fracasso, porque eu não rio como deveria, talvez porque minha alma vazia não seja de aço, talvez eu seja mesmo um palhaço. Alguém que afronte a tristeza, que empreste leveza em forma de poesia.


Talvez o riso seja minha fraqueza, porque eu não vejo alegria quando noite ou dia, me perco no pranto, quando às vezes meu canto é a minha defesa. Um canto triste, um lamento, um blues, lágrimas e sofrimento em forma de versos que desafiam o tempo.


Talvez as lágrimas que brotam em mim, não representem o fim, apenas o recomeço. Uma esperança que brota da dor, primavera em forma de flor, um pouco da luz que mereço.


Talvez o riso seja algo assim, invisível aos olhos desatentos, perdido, escondido em momentos, tibieza vestida de arlequim. Sei lá, ás vezes nem sei o que eu faço, se desisto ou busco outro espaço, ou se finjo alegria, troco a fantasia e me apresento palhaço.


Talvez o melhor seja apenas viver, aceitar a melancolia, não fingir alegria, ter apenas uma certeza, o sorriso em meu rosto, estampado e com gosto, aquele riso singelo, por vezes amarelo, é minha melhor poesia.

 

Jose Fernando Pinto