Soneto do Ermo Esmado
Vivo num ermo que se justifica
Sem dar vaidade pelo amor presente
E que por verso agreste versifica
Sem sobre cujo amor jogar a mente.
E pelo verso em esmo não se implica
A vida, morte e o brio de amor vivente
Que em bruta castidade vivifica
Um bom soneto de amargar a gente.
Mas quando a morte dança a vida austera
Na valsa da vaidade e da penúria,
O brio se acanha e a vida desespera.
Tratado em morte eterna que quisera
Eu mesmo a deleitar-me em triste injúria
E na mortalidade tão severa.