Não descansa
Em escavar infortúnios
Completa, ainda lhe falta
Aliás sempre vazia
Seja de noite, seja de dia
Uma sina tão ingrata
Inexplicável
A plenitude lhe é insuportável
Arranha a pele
Da ferida quase cicatrizada
Numa aresta abrasiva
Para que fira, sangre, doa
A carne maltratada
Para que arda em carne viva
E à toa
Seu fardo é um sorriso
Aprisiona a alegria ao seu redor
Acorrenta alheios pecados
Pois claro, é preciso
E é melhor
Criar corvos em dias alternados
Julga e condena
E determina o castigo e a cena
Seu réu deve ser acorrentado
Modelo perfeito da humanidade
Juíza plena
Deseja ser feliz
Perseguindo a infelicidade
Que pena...