Se discordo de ti,
não quer dizer que estou errado
e nem que você está ultrapassado.
- Isso não é mimimi!
Se respondo que não estou nem aí,
não significa que estou te dando recado
de que você esta enganado.
- Isso não é mimimi!
Se digo que quando ouço algum tititi,
não sou de sair compartilhando
e tampouco fico reprovando.
- Isso não é mimimi!
Se aviso que não quero porque não pedi,
não é sinal de arrogância,
nem que não dou importância.
- Isso não é mimimi!
Se perceber que me falou e eu esqueci,
não pense que estou desatento,
pode ser descuido de momento.
- Isso não é mimimi!
Se te incomoda o que expresso aqui,
não quero que fique no desespero
achando que o que digo é exagero.
- Isso não é mimimi!
Se do teu julgamento me remi,
não me tenha como adversário,
entenda que apenas penso o contrário.
- Isso não é mimimi!
Se de todas as suas exigências me despedi,
não me tenha como um inimigo,
nem pense que se trata de um castigo.
- Isso não é mimimi!
Se quando me comunico coloco os pingos nos ís,
não quer dizer que só sei reclamar
e, tampouco, querer me justificar.
- Isso não é mimimi!
Se aquilo que me incomoda eu aprendi a repelir,
isso não é uma proeza,
é apenas um gesto de defesa.
- Isso não é mimimi!
Quando digo que a decência é uma virtude a se vestir,
é porque não quero que ninguém sofra as conseqüências
pagando pelo julgar das aparências.
- Isso não é mimimi!
E se a deferência causa repulsa,
fazendo um ou outro vestir a carapuça,
provocando talvez um frenesi,
é bom que a paciência impere
e ninguém se desespere
por causa do pleonástico mimimi.
A verdade clarifica, enfim,
que, se alguém gosta de mim
e me trata de maneira normal,
o mimimi deve ser apenas uma rima,
não se criando todo um clima
para incitar esse entojo do mal.
Então a prosa fica inexata,
com vergões de uma limitação abstrata
fazendo o mimimi ser uma cena,
em que a inveja tão intrusa,
exaspera uma dedução obtusa
de que a vida não vale a pena.
- É...o mimimi vai começar!