Certa feita acordei cansado
Os sonhos tinham me derrotado
Fui para a cozinha apressado
Tomei logo um café amargado
Para clarear meu dia
Com a xícara na mão, fiquei admirando
E ao mesmo tempo ia imaginando
Todos os agricultores plantando
E mais tarde torrando
As pequenas sementinhas de café
Minha imaginação fez questão de remeter
Que o mesmo processo veio acontecer
Dentro do meu coração
Lá, a semente foi plantada
E, por descuido, fora maltratada
Não pode vingar
Desde então não semeio nada
Minhas terras foram devastadas
Quando meus olhos viram você partir
Depois desse momento de letargia
Veio logo uma alegria
Derrubando minha agonia
Que, naquele momento, me entristecia
Então, olhei a xícara que trazia
E perguntei: “quem precisa de terapia
Quando se tem um café na mão?”
Gabriel Lopes Peres