Roberio Motta

O Carteiro, O Selo e o Canteiro

Saudades da carta branca

Dos alegares envelopados

Do selo colado ao envelope

Da carta amassada e borrada

Pela lágrima esquecida no último postar seu

 

Do Carmim, do amarelo,

dos correios chegando ao jardim!

Trazendo linhas de notícias

Em cartas com selos para mim

 

Saudades das cartas,

Das doces palavras adormecidas

Em escritas esquecidas

do tempo que se foi.

 

Fazia parte do dia a dia

A espera da ECT

Da carta missiva

Ou do retângulo de papelão fino com suas faces

Do Telegrama de Morse

Da vida que comove

Da cola que não se remove

 

Hoje junto com as fotos

Restam apenas álbuns

Os envelopes se foram

Junto com os postais e cartuns

 

 

Não mais vejo a farda amarelo-ouro

Nem a mochila do carteiro

Com seu andar ligeiro

Trazendo a carta, o alento e o canteiro

 

Fica na gaveta da saudade

Guardando os selos da precondia

Em cartas amarelas de nostalgia

Os selos inda picotados

 

Hoje são só hobby de filatelia

Fico a ver navios

Com meu olho de boi

Se as linhas se foram

Ficaram as estampilhas

 

E quem não tinha jardim

Tinha amor

Tinha flor plena

Tinha carteiro amigo

E, na falta deste,

Não faz mal

Gentileza entregues meus versos

Meu diverso ao averso

Meus sabores de saudades

Na última caixa postal!

 

Soldadinho do Araripe,

Nove de Um do Vinte Vinte Um,

Juazeiro do Norte, Estado de Graça do Cariri.