Saudades da carta branca
Dos alegares envelopados
Do selo colado ao envelope
Da carta amassada e borrada
Pela lágrima esquecida no último postar seu
dos correios chegando ao jardim!
Trazendo linhas de notícias
Em cartas com selos para mim
Saudades das cartas,
Das doces palavras adormecidas
Em escritas esquecidas
do tempo que se foi.
Fazia parte do dia a dia
A espera da ECT
Da carta missiva
Ou do retângulo de papelão fino com suas faces
Do Telegrama de Morse
Da vida que comove
Da cola que não se remove
Hoje junto com as fotos
Restam apenas álbuns
Os envelopes se foram
Junto com os postais e cartuns
Não mais vejo a farda amarelo-ouro
Nem a mochila do carteiro
Com seu andar ligeiro
Trazendo a carta, o alento e o canteiro
Fica na gaveta da saudade
Guardando os selos da precondia
Em cartas amarelas de nostalgia
Os selos inda picotados
Hoje são só hobby de filatelia
Fico a ver navios
Com meu olho de boi
Se as linhas se foram
Ficaram as estampilhas
E quem não tinha jardim
Tinha amor
Tinha flor plena
Tinha carteiro amigo
E, na falta deste,
Não faz mal
Gentileza entregues meus versos
Meu diverso ao averso
Meus sabores de saudades
Na última caixa postal!
Soldadinho do Araripe,
Nove de Um do Vinte Vinte Um,
Juazeiro do Norte, Estado de Graça do Cariri.