cimeries

Vazio

Já dizia a velha amante:

Todo orgasmo se acaba

na concha de Vênus, e do nada renasce

no ciclo das ondas, no batom da amada.

 

No vazio do silêncio eu calei.

 

Então disse o jovem poeta:

Do fim eu escrevo poesia,

do anseio da ida, a viagem!

Da dureza da vida, do gosto do ópio, tristeza...

 

Um enorme vazio eu gritei:

 

De que me serve o ciclo e a ida?

De que me vale o findar e a loucura?

Se nenhuma história eu deixei, se a viúva em minha cama morreu,

se a dívida em minha mente pendura.

 

Na calçada vazia eu sonhei.