sou grão de areia
questionando a sombra habitável
incompleto, em um dia de sol brilhante
nenhuma núvem, em nenhum instante
sou água percorrendo por lugares
que nem a luz é capaz de tocar
como se estivesse tentando fugir
mas a verdade é que, quero apenas me encontrar
sou o cheiro de chuva
que sobe da terra ao garoar
sou como o ar úmido corroendo o ferro
sem o devido tempo esperar
sou a lua cheia, desregular
que quase tudo consegue iluminar, sem se esforçar
sou a cor do céu as cinco da tarde
a qual em questão de segundos irá mudar
sou núvem que se dispersa por entre o infinito
me fazendo pensar e querer finalmente, acordar
sou fruto que cai da árvore
sem ter tido a chance de alguém alimentar
sou a linha no fim do oceano, onde o céu beija o mar
no segredo de um olhar que ainda não pode enxergar
sou brasa que queima, combustível na grande fogueira
que foi um dia acreditar
que no final das contas tudo que mais queria
era poder, imensuravelmente
me amar