cimeries

Rasga Mortalha

Rasga Mortalha, rasgue a mortalha para mim:

quando o último maço acabar,

quando a última gota beber,

quando a velha bossa tocar,

quando o velho à minha porta bater.

 

Que Suindara, que carrega o choro

se engrace por mim em sua idade;

que a foice negra do tarô, mau agouro

se mostre breve, piedosa austeridade.

 

Rasga Mortalha, rasgue a mortalha para mim:

quando em meu coração juventude pulsar,

quando o lítio parar de agir,

quando meu calendário acabar,

quando em mim a palavra fugir.

               

Que a ave branca, que chia o findar

se acomode essa noite em minha sacada;

branco véu, doce grito

amado veneno, zelosa facada.