Desventura, Desatino, Destino
Queimou-me o sonho, foi-me o pensamento
De liberdade outrora tão vistoso,
Mas sempre escuro, dormindo ao relento
Que me olvidou do fado desgostoso.
Fez-se triste o final desta epopeia —
A qual não teve herói assinalado —
Que me queimou qual fogo de Pompeia
E derreteu-me às cinzas desvelado.
Ó crepitado e amargo desalento
Que me fizeste, meu amor vazio,
Do qual me lembro e em aflição lamento
De não ter força e vaguejar sem brio.
Sem ti, caminho em pastos verdejantes
Cheios de flores e de insetos mil,
Mas que sem o amor teu vermes errantes
Arrancam o verde deste amor servil.
Enquanto vem-me a noruega à fronte
Lembrando-me das áfricas que tive
Com força de um temível mastodonte
Veio com força a qual eu não detive.
Mas se me esconde o feito e a singradura
Que resta mais ao herói solitário?
Que resto de peleja ou de aventura?
Ou qual aberto e lívido sudário?
Se o destino me insiste em abater
Aceitarei, por mais que relutante
Mas farei a ventura vil saber...
Enquanto leva-me como um gigante.
É fácil, ó fortuna desvalida,
Levar humanos que te satisfazem!
É fácil, mesmo porque não tens vida,
E levas pois os homens se comprazem!