Ema Machado

Momentos...

 

 

Eu, aqui esparramada

Junto a monotonia, boceja entediada

É segunda-feira

Não fui a feira, nem fiz nada

 

Ainda ontem, escorria o tempo

O acompanhava em seu movimento

A noite, era só momento

 

Vida é sopro de vento

Quando se vê, foi-se...

Meu hoje, é apenas brisa em lamento

A minha (volta) sons de discórdia...

 

Máquinas, famintas!

Ouço-as, alimentarem-se do monte

Sucumbe, tomba-se humildemente...

O que será da lagoa, à quem protegia?

Nela às vezes escorregava e bebia...

 

Pobres, árvores!

Devastaram-nas, foram arrancadas

Ali, aos poucos a vida sucumbia

Não ouvirei mais o rouxinol

Maritacas ou perdizes...

 

Restará apenas poluição e fuligem

E um olhar, imerso em monotonia e tristeza

Quando daquela paisagem se lembrar

Tornar-se na lembrança, apenas uma  imagem...

   

 

 

27/12/2020