Eu, aqui esparramada
Junto a monotonia, boceja entediada
É segunda-feira
Não fui a feira, nem fiz nada
Ainda ontem, escorria o tempo
O acompanhava em seu movimento
A noite, era só momento
Vida é sopro de vento
Quando se vê, foi-se...
Meu hoje, é apenas brisa em lamento
A minha (volta) sons de discórdia...
Máquinas, famintas!
Ouço-as, alimentarem-se do monte
Sucumbe, tomba-se humildemente...
O que será da lagoa, à quem protegia?
Nela às vezes escorregava e bebia...
Pobres, árvores!
Devastaram-nas, foram arrancadas
Ali, aos poucos a vida sucumbia
Não ouvirei mais o rouxinol
Maritacas ou perdizes...
Restará apenas poluição e fuligem
E um olhar, imerso em monotonia e tristeza
Quando daquela paisagem se lembrar
Tornar-se na lembrança, apenas uma imagem...
27/12/2020