Carlos Eduardo J. Lima

Atropelo

Um sonho atropelado

Um medo calado, sufocado

Um beijo salgado, roubado

Um amor de porcelana, de lama

Que quer e não quer, que agarra e solta

Um grito entalado, disfarçado

Horrores passados, enraizados

No solo da mente, que mente

Que pensa, penosamente estranha

Quem explica o que não tem forma, cor ou consistência

Mordo sem dentes o caroço duro da paciência

E me espreguiço na farsa da ciência

Pois quem sabe não sabe que sabe

Assim como mente melhor quem não sabe que mente

O mundo é o ontem rolando no aqui e se projetando para o amanhã

Quem teve o ontem teve o amanhã, mas quem tem o hoje?...