O tempo anda entristecido
Vestiu-se de cinza
Às vezes chora, parece perdido...
Chora ante a realidade que isola
A morte que ronda
A criança, que colo implora
O lamento do velho
E um vírus, que contamina de forma silenciosa
A morte, a criança, ao jovem, ao velho...
O tempo sente
Chora como gente
O vento geme, nuvem treme
Lágrimas descem...
O tempo avança
Vai-se, como foram meus ancestrais
Havia falta de tudo
Hoje falta vida, o resto, não mais
O tempo nos doma
Cobra e toma
Porém, quero mais
Não fui criança, me deve
Sou leve, tenho sede de vida
E me deve o tempo
Sou hoje a criança que não fui lá atrás...
Ema Machado.
28/12/2020