Wellington Sousa

[RE]NAVEGAR

 

Essa pressa desperdiçando o mar.

A noite e suas estrelas apagadas,

Na longa madrugada estéril e embriagada de sono,

café e cansaço.

Essa regra, sem risco.

Esse medo do abismo.

As velhas asas recolhidas.

A espada, em sua bainha, adormecida.

O barco ancorado, em sua fúria contida,

preso à velha corda rude e puída pelo tempo,

pelo medo da partida.

Tome o barco que lhe espera!

Aprume tuas asas às suas velas,

Nesse tempo turvo, ríspido e fugaz.

Lance à mão, outra vez, sua espada e não temas a lâmina afiada

da vida que insiste em lhe devolver sempre ao mesmo inóspito cais.

                                                 Paço do Lumiar - MA, maio de 2015.