JUCKLIN CELESTINO FILHO

ANJO TORTO

Gestos caricatos. 

O rosto, a cara

Que escancara 

As feições 

De uma personagem intrigante,

Que se apresenta 

De modo intrigante ,

Como intrigante o é!

Tudo nele é instigante,

É extravagante.

Tudo normal.

Tudo natural,

Porque naturaliza 

O anormal,

Como se normal fosse. 

 

Embora  às vezes, alguns gestos 

E atitudes  dele sejam estudados, 

Isto é uma representação. 

Ele é a essência do que é --

Um mau-sujeito,

Afeito a toda sorte de maldades

E trapalhadas,

E isso deixa claro,

Em suas aparições 

Toscas e desmedidas,

Protagonizando shows 

De xingamentos

E agressões verbais,

Agredindo, ferindo 

Com bordoadas

De impropérios,

A quem lhe vá de encontro,

Ou a quem gratuitamente detesta.

 

É o  papel de homem mau 

Que desempenha?

Ou o mal está intrínseco nele?

Essa personagem,

Nunca teve o propósito 

Que inserisse gente

No contexto. 

O seu propósito 

Sempre foi o despropósito.

Caiu como um meteorito 

Onde ninguém cogitava

Que caisse.

E, como um mau-augúrio,

Foi minando o campo em que

Caira de paraquedas, 

Tornando-o terra arrasada.

É  o verbo conjugado

Em primeira pessoa

Dos absurdos que perpetra --

Coisas absurdas e deletérias

Que propola,

Mas que servem

A um desiderato,

A uma direção apontada. 

 

Nele, o normal,

É  ser o não normal.

O anti-social.

O anti-tudo.

Diverge, só  por divergir,

Porque carece

De sustentação 

Argumentativa em qualquer

Assunto levantado,

\"Eis a questão \".

Da ciência 

Zomba, sem base para tal.

E a gente fica refém 

Do descaso e ingerência 

Dessa lamentável criatura 

Que escarnece do sofrimento 

Das pessoas e das milhares 

De perdas de preciosas vidas,

Carentes da vacina,

Enquanto  grande parte

Do mundo se humaniza 

E já  imuniza

Sua população. 

Dirá, ainda, ante tudo,

A turma que cegamente 

O segue, ser ele o anjo

Bom que a conduz.

A história inclemente 

Cravará : é  o anjo torto

Que tanto mal propaga!