TEU BARCO , TUA VIDA
A vida eu comparo à uma frágil nau
Levada por ventos predominantes
Em águas pacíficas, ou temporal
Surpreendendo o seu comandante
O marinheiro segue por sua rota
Atraca no porto que lhe convém
Duvidoso se numa pátria remota
Terá ou não o abraço de alguém
Confia no uso de mecanismos,
Indispensáveis são as invenções
Nada assegura chegar ao destino
Sem que ele passe por turbilhões
Nem sempre é possível de corrigir
Erros humanos no alcance das milhas
Ajusta as velas, e o leme ao partir
Da popa à proa, de tudo sobre a quilha
A vida apraz nos dando espetáculos
Porém, nem sempre é maravilha
No mar, o nauta faz os seus cálculos
Pois, há dias em que sequer o sol brilha
A vida dá e tira, as oportunidades
O que se foi, difícil ser recuperado
No mar, em meio às tempestades
Não há futuro, presente ou passado
Fazemos da vida oque nos convém
E renegamos o que é mais sagrado
Quando aportamos no Porto de alguém
Fazendo do tempo um subestimado
Sofremos a mercê do vento minuano
A vida é impelida nas bancarrotas
Quando acordamos já é o outono
Logo seremos como folhas mortas
Manhãs sonhadas não raiam mais
Tardes inertes que custam passar
Noites sombrias e vultos chacais
Sem termos um porto pra nau ancorar
Meus versos apenas são conjecturas
Sem mar e sem terra saíremos daqui
Alguém te espera na pátria futura ?
Ou tua esperança acaba-se aqui ?