As venezianas da rústica janela,
escancaradas, sem tramela.
Sem pudor, entregavam-se ao dia,
límpido como parte de uma melodia.
Derramando-se no parapeito
flores róseas daquela estação,
outono, ou quem sabe fim do verão.
Copihues ornavam vasos perfeitos.
O lago de Yeso, como prata,
refletia em suas águas plácidas
o dorso de impetuosa messalina,
a dissoluta cordilheira andina.
Gélida barreira cristalina,
derretendo-se em rios ligeiros,
inunda vales e dissemina
a alma de Dionísio e seus devaneios.
O intenso bouquet dos frutos
aflora nas vinhas desses vales,
onde cálices de sublime néctar,
encantam deuses fazendo-os cantar.
Cachos de emoções imorais,
nos terrois dos vales centrais:
Maipo, Rapel, Curicó e Maule,
explodem em vinhos ancestrais.