Hoje eu me perdi pelo caminho. Acordei angustiado, sem a esperança do lado e voltei a me sentir sozinho, sem asas pra voar, um sonho pra amparar ou mesmo uma taça de vinho. A aurora que sempre traz a esperança ao amanhecer, hoje me trouxe o sofrer, uma agonia no peito e o ar rarefeito e eu nem sabia por quê.
Manhã de outono sem sol, sem a sinfonia dos passarinhos, sem as flores pelo caminho ou o vento a soprar. Sozinho e sem esperança, perdido feito criança tive vontade de chorar. Chorar pela dor no peito, pelo que eu deveria ter feito ou por aquilo que não tem mais jeito, sei lá, às vezes é preciso apenas chorar.
Hoje perdido pelo caminho não tinha mais a quem procurar. Não havia canção ou porto seguro, e aos meus pés aquele chão duro parecia quebrar. Ressoava em minha mente o silêncio, um vácuo no tempo, um passageiro ao relento sem ninguém encontrar.
Hoje me perdi pelo caminho, abandonado e sozinho a lembrança de outrora ousava voltar. Eu voltava no tempo, e em cada momento que consegui me reencontrar. Em cada vitória, nos dias de glória ou mesmo naqueles onde estava a sangrar, quando eu travava batalhas, vencia inimigos, quebrava correntes, pesadelos recorrentes que insistiam voltar.
Hoje me perdi pelo caminho, mas de repente um passarinho veio me acompanhar, e pousado em meu ombro, como se me livrasse de escombros ele começa a cantar. Passarinho danado, que além de afinado conseguiu me alegrar, e agora voa comigo, faz de mim seu abrigo, seu mais novo amigo pra ensinar a voar.
Jose Fernando Pinto