Marçal de Oliveira Huoya

Fagulha

De longe

A brasa carece de vento para virar chama

Peleja da distância contra o tempo

Um sonho, dois hologramas

Para queimar em fogo lento

Reacender o lume

Assoprados pelo bafejo do desejo

Uma brisa de ciúme , vagalume agonizante

Desmaiado, desmaiando, quase morto

Parecendo se apagar no horizonte

Querendo virar cinza, farol do porto

Mas ela vem e ele vai

Na exata ordem da incerteza

De ventos errantes, de extravagantes marés

Trombas d\'agua de surpresa

E basta um roçar das almas buliçosas

A vida numa esquina, duas peles ansiosas

Pororoca de vontades febris

Misturando tudo, um sorvedouro de sinas

Lucidamente sem juizo e sem juiz

Insensatos felizes

E então a brasa arde e incendeia num sorriso

Se acende, se revigora, luminosa dedicatória

E mesmo já não sendo tão cedo

Nunca ainda será tão tarde

Para escreverem suas histórias...