SARA VIDA
Falar \"te amo\" é muito fácil, e logo diante de uma lua igual a esta que dita todo o compasso de um jeito só seu, e sem dar o mínimo direito de bloquear sequer o seu reflexo: nexo em versos? Poesia viva! Sarando vidas num ritmo frenético!
Na
alma
a
esperança
perdida...
Sara vida;
Vida sara;
Coisa linda de se ver;
Na tua trajetória coisa assim acontecer...
Sara por necessidade;
Vida de ansiedade;
Às vezes, difícil de se perceber;
Na tua trajetória coisa assim acontecer...
Vencedora seguiu sendo em sonho;
O que na realidade nunca conseguiu ser: ledo engano;
Natureza humana em um desumano proceder;
Coisa que até a fez tentar desaparecer...
Tendo a sua vida sarada de todas as feridas;
Apenas lhe faltava na alma a esperança outrora perdida;
De quem sempre lutou para vencer todas as suas batalhas;
Em sua mente apenas lembranças quentes daquela guerra fria...
Mundo: sara vida;
Surdo: por necessidade;
Mudo: por carência;
Poço: de incredulidade;
Fundo: porém, limitado;
Perdição: possível de ser evitada;
Eterna: chance de sobrevivência;
Fugi: de todos os males que te deixa apavorado;
Pois: tudo que te persegue;
Enquanto: você dorme, acorda, e tenta, e tenta, e tenta...
Tens: a total condição de mudar tudo ao teu favor, te ergue(!);
Tempo: pois, é nele que está o teu apoio, a tua vitória com ele virá... Diga:
diga, pois, tu:
passa tempo;
tempo passa;
brisa calma a nos acalmar... nos levando a repensar...
Vento calmo:
que nos acalma a alma... nos fazendo descansar...
E que nos conduz a outro caminho: virei à direita e me deparei com outro mundo — abismo profundo que de pouco a pouco vai sucumbindo a alma e, no mais, o que fica é uma calma fingida, provisoriamente arquitetada para o engano: estático, permissível, porém, não me abstive, não me eximi, não me coloquei frente à dificuldade de uma forma derrotada... em casa... percebi:
azulejos
reluzentes
de batalhas invisíveis — neste mundo novo me vi
revestido de uma forma incrível
e pronto para seguir neste tal: “novo caminho...”; “novo mundo...”; “novo abismo...”;
na torcida de que neste suposto “NOVO” tudo seja mais feliz...
Em um caminho mágico
de desilusões constantes
segue o cavaleiro
com esperanças abundantes:
Vitória!
Vitória na guerra!
Vitória!
Vitória na terra!
Que um dia me pisou;
Que um dia me humilhou;
Que um dia tudo fez
para me tornar um perdedor...
Que um dia me desafiou:
ergueu o seu escudo;
desembainhou a sua espada;
marcou carreira, e me peitou!
Disse-me que jamais eu seria um vencedor na vida:
lida;
linda;
vida!
O que antes era só profecia de derrota e perdição,
hoje se transforma em alegrias e bandeiras tremulando
das tantas conquistas jamais esperançadas.
Cheguei em casa: minha guarida... venci!!!
Nos azulejos reluzentes
fui pisando devagar
para o piso não arranhar
pois clareiam tantos corações...
Tenebrosa esperança
de quem espera e “sempre alcança”;
que em seu peito com coração relutante
abraça com carinho a causa pela qual se tornou amante...
Reluz, óh azulejo vívido!
Que de certo o escorrego é sempre \"amigo\"
para lhe deixar atento aos deslizes possíveis
e torná-lo um vencedor de batalhas invisíveis...
Vida: num mundo de azulejos reluzentes e escorregadios:
que nos cobra cuidados afio
para males maiores evitar
porque sabemos que tudo passa,
mas não precisamos ajudar a passar...
Tudo passa...
Tudo passa: diante dos nossos olhos e nada conseguimos fazer para evitar
até que, em desalento, encontramos abrigo num mais simples gesto;
Tudo passa...
Tudo passa: ao se saber que tudo que venha a ser tão aguardado torna-se possível, apenas com o natural estado da passagem;
Tudo passa...
Tudo passa: porque tudo não passa de ponto de vista de tudo que se apresenta diante de nós mesmos e, por isso, precisamos seguir em frente... também passando;
Foi numa dessas “passagens” que cheguei àquele rio:
rio bonito;
rio profundo;
de uma reflexão em si partiu a dar alma ao mundo...
No fundo daquele rio avistei-a reflexiva: lá estava ela...
cheia de graça e bela;
transbordando de felicidades;
mesmo sobrevivendo em meio a tantas maldades.
Era ela:
a vida;
sarada;
bem-vinda!
[de repente]
Névoa acima;
escuridão abaixo;
solitude e calmaria;
a faz resistir... sem fracasso...
Há beleza no fundo daquele rio...
que de tempos em tempos se revela vazio
para, outrora passada a devida fase,
retorne com gosto a encher-se com vaidade...
A vida se revela mórbida nele...
se assemelha às lesmas de canto de marés:
que, de tempos em tempos, se renovam!
Entre secas e enchentes sempre estão presentes...
Ainda nele: ela passa a contemplar o céu,
Que, de tão belo, refletiu-se em seus olhos a levando numa morada de paz... tranquilidade representativamente dirigida a si mesma, que sempre desejou viver; ter...
Compartilhadamente segue vivenciando o tudo que a ela se apresentou e, de repente:
— No lugar da estrela maior que sempre brilhou em mim
hoje se encontra a saudade que resultou de ti...
Isso por sempre ter me permitido ser tudo que já consegui ser:
o tempo é chegado para mim... preciso ir... pois, sou vida e preciso seguir...
Reflete, óh, nuvem sem luz própria!
A luz que da Lua em ti bate
e cria uma grande confusão nos olhos
de quem da terra te olha
esperando alguma solução...
Sara vida;
Vida sara;
Realizações...
Mundo de sonhos;
Aguardando o fim das suas desilusões...
Sara Vida;
Vida sara;
Já podes descansar...
Pois, o NOVO, sempre presente, estará a te sarar...