Maria Vanda Medeiros de Araujo

Tempo

Quem sente orgulho das esculturas

Que o tempo se encarrega de fazer

Na face?

Quem sente?

Quem sente alegria em perceber um dia

Uma mexa branca de cabelo

Que o  tempo pintou nas estripulias

Que a vida fazia, e a gente nem via.

Quem sente?

Quem rir ao lembrar que esquece 

Os nomes dos netos, dos filhos...

Que o tempo brincando, tratou

De inverter na memória.

O que era no trem da história

Saltou sobre os trilhos.

Quem sente saudades

De uma triste infância?

Do frio? da rua?

Das noite escuras, e sem esperanças?

Quem sente?

Quem sente o tempo passar

Imponente?

Senhor envolvente

Em todo momento.

Só ele não muda,

Sempre passageiro,

Levando as mudanças

No seu bagageiro,

E às rédeas curtas,

A vida da gente.